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30/01/11

Ella e o alter ego



OH porquê somos assim!? Que queremos nós mulheres bicho fera submisso ao amor? Que tudo faz por ele, que tudo deixa por ele que tudo se resume a ele, amor pós amor! Deixem de abanar a cabeça mentindo no silêncio do pensamento - ‘Oh não eu não sou assim’. Mintam para aí, mas eu também tenho amigas. Em sussurro todas elas me conta  que caiem e voltam a cair e os erros aprendem-se em teoria porque na prática, lá vamos nós lindas e esplendorosas contra o muro inscrito: Ele não te ama ou deixou-te sem razão! Não mintam e parem com esse silêncio matador da omissão, dentro da vossa própria consciência só nós existimos!
No final do ano tu deixaste-me pela última vez. Eu vivia perdida nas horas que tentei compensar sem te ter. Já que ver nem nunca te vi muito. Fui estagiar. A minha tia deu-me todas as boas dicas para uma entrevista sucedida. Passei três fases de selecção e pós uma semana era redactor júnior. Estava muito bem. Parecia uma mulher. Ainda te amava mas não queria. Só pensava qual era o dia que puff! Já eras! Estava longe. Dois anos depois! Dois anos? E tanta asneira pelo meio. E pelo meio foram os melhores anos da minha vida. Tão contraditaria a vida. Já que falamos em contraditório não se admirem se catarem aqui e ali sentimentos contraditórios num espaço, vá, dois parágrafos. Não sou virtuosa.
Queremos os dedos e os anéis, a água diluída em azeite. Eu sou assim um monte gigantesco de sentimentos racionalizados pela contradição.  Ali estava sentada na secretária da redacção a olhar para o monitor velho, para colegas que pareciam meus pais ou tios decadentes,  só a espera de picar o ponto! Criei um blog e desatei a escrever. Três meses depois de passar de redactor júnior a jornalista em colaboração por convite -grande honra que fique bem registado- enfadei-me de ser jornalista. Demasiadas regras. As minha palavras eram meros robots aglomerados à tirania do grafismo, para não dizer, à ditadura da publicidade (nada contra, é a publidade que me pagava. Eu era bem paga, por sinal uns bons euros por página). Para além disso difamava 'gentes' e a minha editora ainda lhes conseguia  cuspir em cima de forma ranhosa com a sua editoria final. Quando lia o jornal na manhã seguinte só almejava  ter-me esquecido de assinar o texto. É que nada que  ali estava estampado era da minha autoria. Mas sim da autoria das vendas. Cabeçalhos gordos e anorécticas novidades. A chamada não-noticia compreendem? Assim nasceu o meu blog. personagem, sinteticamente era quem eu queria ser. A sombra do meu ego. E criei um sucesso. Dia pós dia escrevia e escrevia com gosto, satisfação e brilho. As visitas subiam em flecha até que comecei a abrilhantar tudo com magnificas fotos. Talvez a minha primeira paixão a fotografia, eterna e que tanto nos dá o mais real como o fictício! Depois disso reconheciam-me em qualquer lado, na praia na rua, à noite. Loucura toda aquela novidade de ser pseudo vedeta ciber! Criei amizades que vivem até hoje e até tive uns desatino com uma flausina wanna-be sei lá o quê.
Mails! Recebia e-mails dos que me liam. Pediam para ler os seus textos porque tinham vergonha que mais alguém os lesse. Só o meu alter ego os podia entender. Era aquela amiga cibernáutica mas viva, de carne. Viva. Que chorava. Revoltada e energética. Era eu e fui eu durante mais uns anos até que acabei as paginas do meu blog ao 99 post. Sábia. Não queria matar a personagem porque sabia que um dia ela ia ser sucedida. A história não acabava ali. Prometi a todos que um dia escrevia um livro.  Era lembrada e relembrada por quem me lia na altura. Lembro-me dos  elogios e de apreender com comentários satíricos ao que eu escrevia. Ainda penso no e-mail anónimo que me dizia:  gosto de te ler. Outros pediam mais e mais. E eu dava. Eu cuidava daquela personagem como não cuidei de mais nada. Nem de ti. Aquele blog trouxe-me histórias infindáveis.
Um dia juntei as mais ‘visitadas’ da comunidade  e  fomos até Marrocos! Ainda casei dois leitores. A minha melhor amiga conseguiu a minha password enquanto fui ao Brasil e dedicou-me o melhor texto de sempre. Também foi a única coisa que medicaram na vida! Uns denominavam-me furacão outros escritadeira, dependendo da sensibilidade de cada um ou simplesmente daquilo que queriam ler. Descobri a minha arte. Escrever. Enternecer corações. Ser maga conselheira. Ser vivida. Ser aquilo que todas as bailarinas, surfistas, mais bonitos, mais ricos e mais famosos não são e não tem. Eu expresso aquilo que todos querem expressar, que querem viver com as palavras que simplesmente sentem mais não conseguem direccionar as correctas palavras para os correctos sentimentos.  Ou pelos menos tentei. E não me arrependo.
ELLA

2 comentários:

  1. Considero o melhor post, conheço ou melhor, 'conheci-te' por lá, li-te e segui-te por lá, a mulher furacão, a kikoa. Julgo ter também enviado uma vez um texto, se não estou em erro. Lembro-me de ler essas páginas finais do jornal (o meu pai não se senta nas cadeiras do refrigerante FELIZMENTE)e lembro de nem sempre vir assinado (esquecias??).
    queria dizer mais algo, mas "diz pronto, obrigada por seres uma cortes!"

    R.

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  2. como ainda te lembras, lias-me? online sei que sim. o texto tenho guardado. em suporte de papel não sabia. mas bom, muito bom saber. a vida não nos deixa de surpreender. e tu és exemplo disso. e por ser cortes sei que sou, mas no entanto ja te disse obrigada? sim o teu saber nas minhas letras é sempre bem recebido. quando quiseres deixa tb as emoções R17! *

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