Follow Ella

31/01/11

Ella no Parapeito

‘Ando extremamente evasiva, não por ali além comunicativa, muito menos impressionista em originalidade. Um dos trabalhos que tive que realizar esta semana foi o lançamento do livro de uma  colega de profissão, Rita Ferro Rodrigues. Interessante pensei, realmente nada nesta vida é um mero e casual acaso. 'No Parapeito' é o título. A história não li, mas a história que envolve o livro deu o mote a este meu novo post.
Uma rapariga de afectos que compartilhava na aridez do mundo blogueiro o amor por histórias, para quem, as simplesmente lia. Um dia, um rapaz leu e apaixonou-se por tanta paixão de escrita e amor sôfrego das tais mensagens. Fazia um género de serviço público ao mundo da web e a todos que em altas horas, sozinhos e apenas consigo, liam o que uma tal Rita tinha a dizer da vida. Simplificando, a Rita era apenas uma menina de afectos que desenhava textos, que um dia foi lida por um editor que a desesperadamente  procurou e como este Portugalzinho é muito pequeno, encontrou-a. Ela era a tal Rita. Sim aquela que aparecia na TV toda desenvolta e filha de um ex-ministro. A Rita, a do blog era apenas mais uma como nós somos, que escrevia afectos para um universo sedento de amor mas de suporte tão árido! Se há um tempo atrás me contassem esta história provavelmente nem a ouviria. A realidade altera-se e inconscientemente muda também o que penso sobre a vida. Para mim fazer amigos na net seria apenas e somente coisas de nerds. Hoje tenho amigos, que aqui conheci, que amo, compartilho e ate magoo-o. Riu-me com vocês, sofro com vocês e já nem vivo sem vocês. Hoje a vida é bem mais rica. De amigos e de aceitar as minhas próprias mudanças. Coisa difícil, se pensarem. Nada nos custa mais a aceitar que uma mudança, boa ou má!’  

Este é um dos extractos do que escrevia. O meu afamado alter ego que vos colquei a disposição anteriormente. Alguns textos que amo, não pela sua beleza mas reflicto hoje sobre a intensidade com que os escrevia. Como estava a crescer. Como juntava ao meu dote frases e saberes, teorias e paradigmas. Uma das situações que relato sobre mim quando me questionam quem sou é a factualidade de ser uma pessoa que não se define, que não castra em meros adjectivos uma personalidade que dia a dia, a cada hora é mutável. Que dependendo de cada situação pode reagir de duas formas tão distintas. Que se molda a cada interlector, a cada amigo e a mim própria , dependendo d as necessidades que preciso para continuar a viver. Não! Não pensem que não tenho um quadro de valores ou sou apenas mais uma mulher volúvel. Até o posso ser repare, mas não todos os dias. Sei que não gosto de me justificar, sei que gosto do meu espaço, sei que tenho uma cloaca curta. Que sou feliz na maior parte dos tempos e sei que se tivesse nascido homem seria bem mais realizada/o.
O facto não é ser mulher mas sim nas minhas veias escorrer sangue de homem, as ideias de homem e muitas atitudes de homem. E sou a mais coquette das minhas amigas. Contraditório? Não, simplesmente não precisamos de definir tudo na vida. E vocês continuam-me a entender, certo? Nunca fui bailarina como queria a minha mãe. Nunca fui actriz como queria ser. Nunca editei os meus textos do blog como os meus amigos me pediram. E não sou do contra. Apavora-me  a vulgaridade. Em todas as épocas as ‘modas’ pareciam perseguir os meus sonhos. Eu só não queria ser mais uma. Procurava alternativas dentro dos meus talentos. Não queria ser mais uma bailarina atirada para a miséria. Não queria ser actriz quando qualquer badameca  dizia ter um sonho em ser actriz. Nunca publiquei um livro, quando publicar livros em base de blogues virou doença! E agora? Agora deixei de ser cagona. De achar que sou a melhor por isso e não vou desperdiçar o meu tempo com os outros. Calei medo de falar e  entrego-me a coragem de por na forma, os sonhos.
Realidade? Não sei, talvez se tu me estiveres a ler neste exacto momento.

ELLA


 

30/01/11

Ella e o alter ego



OH porquê somos assim!? Que queremos nós mulheres bicho fera submisso ao amor? Que tudo faz por ele, que tudo deixa por ele que tudo se resume a ele, amor pós amor! Deixem de abanar a cabeça mentindo no silêncio do pensamento - ‘Oh não eu não sou assim’. Mintam para aí, mas eu também tenho amigas. Em sussurro todas elas me conta  que caiem e voltam a cair e os erros aprendem-se em teoria porque na prática, lá vamos nós lindas e esplendorosas contra o muro inscrito: Ele não te ama ou deixou-te sem razão! Não mintam e parem com esse silêncio matador da omissão, dentro da vossa própria consciência só nós existimos!
No final do ano tu deixaste-me pela última vez. Eu vivia perdida nas horas que tentei compensar sem te ter. Já que ver nem nunca te vi muito. Fui estagiar. A minha tia deu-me todas as boas dicas para uma entrevista sucedida. Passei três fases de selecção e pós uma semana era redactor júnior. Estava muito bem. Parecia uma mulher. Ainda te amava mas não queria. Só pensava qual era o dia que puff! Já eras! Estava longe. Dois anos depois! Dois anos? E tanta asneira pelo meio. E pelo meio foram os melhores anos da minha vida. Tão contraditaria a vida. Já que falamos em contraditório não se admirem se catarem aqui e ali sentimentos contraditórios num espaço, vá, dois parágrafos. Não sou virtuosa.
Queremos os dedos e os anéis, a água diluída em azeite. Eu sou assim um monte gigantesco de sentimentos racionalizados pela contradição.  Ali estava sentada na secretária da redacção a olhar para o monitor velho, para colegas que pareciam meus pais ou tios decadentes,  só a espera de picar o ponto! Criei um blog e desatei a escrever. Três meses depois de passar de redactor júnior a jornalista em colaboração por convite -grande honra que fique bem registado- enfadei-me de ser jornalista. Demasiadas regras. As minha palavras eram meros robots aglomerados à tirania do grafismo, para não dizer, à ditadura da publicidade (nada contra, é a publidade que me pagava. Eu era bem paga, por sinal uns bons euros por página). Para além disso difamava 'gentes' e a minha editora ainda lhes conseguia  cuspir em cima de forma ranhosa com a sua editoria final. Quando lia o jornal na manhã seguinte só almejava  ter-me esquecido de assinar o texto. É que nada que  ali estava estampado era da minha autoria. Mas sim da autoria das vendas. Cabeçalhos gordos e anorécticas novidades. A chamada não-noticia compreendem? Assim nasceu o meu blog. personagem, sinteticamente era quem eu queria ser. A sombra do meu ego. E criei um sucesso. Dia pós dia escrevia e escrevia com gosto, satisfação e brilho. As visitas subiam em flecha até que comecei a abrilhantar tudo com magnificas fotos. Talvez a minha primeira paixão a fotografia, eterna e que tanto nos dá o mais real como o fictício! Depois disso reconheciam-me em qualquer lado, na praia na rua, à noite. Loucura toda aquela novidade de ser pseudo vedeta ciber! Criei amizades que vivem até hoje e até tive uns desatino com uma flausina wanna-be sei lá o quê.
Mails! Recebia e-mails dos que me liam. Pediam para ler os seus textos porque tinham vergonha que mais alguém os lesse. Só o meu alter ego os podia entender. Era aquela amiga cibernáutica mas viva, de carne. Viva. Que chorava. Revoltada e energética. Era eu e fui eu durante mais uns anos até que acabei as paginas do meu blog ao 99 post. Sábia. Não queria matar a personagem porque sabia que um dia ela ia ser sucedida. A história não acabava ali. Prometi a todos que um dia escrevia um livro.  Era lembrada e relembrada por quem me lia na altura. Lembro-me dos  elogios e de apreender com comentários satíricos ao que eu escrevia. Ainda penso no e-mail anónimo que me dizia:  gosto de te ler. Outros pediam mais e mais. E eu dava. Eu cuidava daquela personagem como não cuidei de mais nada. Nem de ti. Aquele blog trouxe-me histórias infindáveis.
Um dia juntei as mais ‘visitadas’ da comunidade  e  fomos até Marrocos! Ainda casei dois leitores. A minha melhor amiga conseguiu a minha password enquanto fui ao Brasil e dedicou-me o melhor texto de sempre. Também foi a única coisa que medicaram na vida! Uns denominavam-me furacão outros escritadeira, dependendo da sensibilidade de cada um ou simplesmente daquilo que queriam ler. Descobri a minha arte. Escrever. Enternecer corações. Ser maga conselheira. Ser vivida. Ser aquilo que todas as bailarinas, surfistas, mais bonitos, mais ricos e mais famosos não são e não tem. Eu expresso aquilo que todos querem expressar, que querem viver com as palavras que simplesmente sentem mais não conseguem direccionar as correctas palavras para os correctos sentimentos.  Ou pelos menos tentei. E não me arrependo.
ELLA

29/01/11

Ella dez anos antes. Ou mais ..

Estava sentada na secretária da redacção a olhar para o monitor velho, para colegas que pareciam meus pais ou tios decadentes,  só a espera de picar o ponto, não que o picasse, mas refiro-me o ponto ‘horáriamente correcto’ para me ausentar do jornal. Enquanto isso uns vinte colegas ganhavam mais úlceras, para mandar para a gráfica mais histórias para entreter velhos na manhã seguinte no típico café das cadeiras de marca de refrigerante!  Mas certamente sabem, mais vale um úlcera do que o centro de emprego. E assim tudo começa...

A correria era imensa, entre estar no topo das melhores, a trabalhar de meio até ao fim da semana ainda entregava trabalhos, editava documentários, chumbava a economia,  acidentei-me de carro na viagem de final de curso mas, lá estava eu. Finalista e apaixonada.
Um dia cai e só ano pós ano eu me ia levantando. Vitória a conquista, de choro a desespero. A tentar entender porque te amava. De batina preta os meus pais fotografavam-me. Todos estavam felicérrimos  e eu estava tão elegante, sempre a dirigir as batutas. No sol escaldante a capa preta afligia-me. Sufucava-me a batina dizia eu a minha mãe, que se ria. Ela pagou-me o curso. Os trocos que eu ganhava no bar eram para eu amealhar dizia a Nina- a minha mãe passo a apresentar.
Não ouvi o discurso. Sequer soube quem discursou. Procurava cegamente a tua pele. E se querem saber nem nunca soube porque nunca foste a minha bênção. Nunca. Finalista, cheia de sabedoria, e ali, sozinha encontrei umas das minhas lições da minha vida. Não se ama alguém que não nos ama. Não se perde horas a agonizar quem não nos corresponde. Ninguém tem o direito de estragar o dia mais feliz das nossas vidas. Até ali esse foi o dia mais realizado da minha existência. Onde comecei e terminei algo. Dentro de prazo, já agora.
Pois não. Ninguém tem esse direito de fazer alguém menos feliz. Nem nós próprios. Almocei com os meus pais radiantes. Era a primeira filha doutora. Eu, longe, a tentar reconstruir-me das minhas lágrimas indisponíveis para sair. Tu nem foste. Tu nem quiseste saber como era a minha felicidade. Dantesco a capacidade de nos expressar-mos  felizes quando o sonho se dissolve perdido,  no dia em que acabei com aquela cegueira de te amar incondicionalemente.  Parva ainda levei esse amor até onde tu quiseste. Ainda vivi ao teu lado mais seis meses. Mas  foi naquele dia eu soube. Quando tudo acabar nunca mais, nunca mais ninguém me magoa.
Até ao dia que me apaixonei seriamente outra vez.

ELLA

28/01/11

Ella decide escrever

Devia ter diminuído a luz para começar esta aventura. Escrever. Dava mais seriedade à coisa, não dava? Tenho medo. Imensos pensadores dizem que escrever não é para todos, existe o método, o languajar e ainda a originalidade. E existe o dom. Eu tenho o dom, sempre toquei  pessoas por palavras escritas ou faladas. Mudei mundos. “A nossa palavra faz mais eco em mais vidas  do que  pensamos”. Quem disse? não sei. Talvez eu.
Anos a fio procurei saber onde me distinguia. Sei que faço rir, que elaboro instântaneamente bons conselhos e sei expor bem pensamentos. Sentimentos revoltados e muito amor. Penei em tentar entender porque não fui a melhor bailarina, porque não faço surf  ou sequer tentei (vivo na praia) ou porque não era a mais bonita a mais rica a mais! Porque era eu a melhor na arte banal do melhor  bronze, no dress code, no ícone da moda, na que conhecia todos os porteiros de Lisboa...e Porto? Porque tinha eu estes dotes que não eram a minha busca. A minha arte qual era? Banal disse!
E depois de banal não tenho nada. Ou vulgar. Sou a ‘girl next door’ mas com um spicy de ser A ‘girl next door’. Ali estava a frente do meu nariz e eu perdi anos a fio a tentar encontrar. É o destino. Está traçado. Claro que está! Cabe a mim saber se chego lá pela recta mais curva ou pela linha mais tortuosa. Depois vem o Karma. O meu é : O pulso a pulso. Consigo tudo, mas depois de bater muitas vezes no fundo, suar estopinhas e comer o pão do diabo. Vá! Não é assim tão dramático mas também não o é nada lírico. Falta o acrescento que consigo tudo se quiser se não demorar muito tempo a obter entre outros afins defeituosos que neste momento, penso ser de todo inconveniente torturar-me até porque estou tão satisfeita. Estou a escrever depois de anos de pausa preguiçosa. O cigarro apaga-se e a luz continua a não ser média luz. Escrevo ainda a medo. Medo de não entregar a mensagem. Porque em todas estas linhas o intuito único é tocar-vos a porta com a ideia que muitos de vós procuraram anos a fio.
E ai encontro a minha arte. Humanizar a comunicação, desenhar o esplendor da esperança  e o bafo saudável para um novo dia.

Ella