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05/02/11

Ella e a pueris de um amor

'Gosto de gostar. Para quê descrever uma menina de 25 apaixonada? Apenas lhe sai tonteiras da boca, dos olhos, dos passos, do caminhar, do sorrir. É Natal. Mais feliz fico por me apaixonar debaixo de frio e flocos de neve. O Natal este ano é o toque de pele, o maior abraço do mundo, a satisfação de te ver. O Natal veio dias antes aninhar-se e deu-me um beijo. O Natal é seguir caminho feliz, é ver nascer algo. O presente não veio embrulhado em papel mas numa pele morena e lá dentro, um homem lindo. O meu natal este ano tem todo o significado do mundo. É isso que realmente importa. O meu natal está realmente em Belém. E eu estou realmente feliz.'

E foi assim que o descrevi. Não me lembro de muito mais. O choque de uma grande paixão só se esquece pós a desilusão mais dorida, forte e incompreensivel da nossa vida.
Chamaste-me de precipitada. Isso, ainda me recordo.  De resto apenas me vêem a memória uma pessoa que quis apagar como felpo em giz.
Seis meses de estrelas. Os nomes dos filhos escolhidos (quem não comete sempre a loucura de escolher o numero e o nome dos filhos quando pensamos encontrar o homem da nossa vida?).
Eu fiz todos os planos que ele me deixou. Com minha antiga paixão, eu nem me atrevia a pensar no dia de amanhã. Limitava-me ao que tinha e ainda agradecia por tal! Agora não. Agora desbandava em sonhos e lambuzei-me na paixão!
Queríamos viver no Restelo numa vivenda. Dois filhos e falei-te em casarmos sozinhos algures num sitio de sol. Os nossos amigos davam-se tão bem como nós. Pela primeira vez andava de nuvem em nuvem. Tocava o céu.
Nunca nunca, vi quem eras. Trabalhávamos juntos. Dormíamos juntos e sonhávamos juntos. Sete dias sobre 24 horas. Até me chamavas princesa. Eu odiava mas até por isso me apaixonei, adorava o romântico pitoresco dessa palavra sobre mim.
Tenho dó. Na altura que te conheci resolvi que tudo o que pudesse escrever no blog já não era dor, nem sofrimento e decidi acabar com a minha escrita.

 O silêncio derramou-se sobre as páginas da minha existência, no dia que me contaram em voz de surdina e sussurrada  que vivias com uma mulher há dois anos. Com vocês ainda vivia um cão e uma mãe. A porta da casa em que te deixava não era tua. Tu não tinhas as habilitações para trabalhar, e eu não era o teu vicio. Era a branca. Liguei-te e desligaste-me o telefone na cara. Não mais dormi. Gelei. Era pedra . O mundo desfazia-se peça por peça.  

As sete da manhã via o mar. Queria estar nua dentro da sua revolta e tornar-nos num só no resto de espuma que se desfaz em areia. Apaguei. Eu não era nada. Tu eras ninguém. Pós uma semana e talvez com a cunha da minha amiga Pat, a minha Mãe chamou-me a casa dela. Sedou-me com o meu consentimento e mesmo assim não dormi. Então cedeu-me a sua cama e o seu livro. Comecei as nove da manhã a ler e antes da hora do almoço já o tinha terminado. Então lembro-me dos lençóis polares rosa se tornarem-se a mão de Deus e adormeci. Pós dois dias acordei com a minha mãe e uma sopa. Ela nunca me perguntou nada. Não precisava. Na minha cara vivia a destruição. Ainda dormi mais uma dia. Pós isso levantei-me. Arranquei o coração e disse-me que nunca mais me invadiam a alma, roubavam a serenidade e destruiriam a inocência. Do mundo dos ingratos não mais, não a mim, me iriam ver marioneta. Criei horror, fobia á entrega a entrega a alguém.

Quando amo vivo tudo. Quero tudo e só depois vivo o dia-a-dia da rotina casamenteira.
Começava uma Produção e estava plenamente entretida, mais que nunca entregue ao meu trabalho. Sai com as minha amigas para o BBC. Não acreditavam que eu estava ali sem me queixar,  sem bramir contra aquela desprezível peste. Não se acreditavam que estivesse bem. Mas como poderia estar eu mal se me tinha livrado do mal? Só poderia estar viva e viva e alerta para o meu novo eu! Ligaste-me ainda para te justificares. Mentiste. Mentiste.
Pós isso ainda tentaste dizer que eu  te tinha traído primeiro. Ainda querias inventar mais uma história, já não me lembro ou sequer me quero lembrar. Humilhei-te com jogos de palavras, roguei-te a praga que a vida te iria entregar todo o mal que semeavas e pós isso rematei: ‘ De ti nem mais uma palavra. Sei que queres contar mais uma historeca para que o enredo nojento que montaste feche o ciclo, mas nem mais uma palavra. Não a mim. Não aos meus. Só te irei apontar, como a pessoa mais paranoica que vive a vida na sombra da imagem do homem que gostava de ser mas jamais o será`.  
E da minha voz saia o timbre do nojo. Soube apenas que falaste com a Pat e lhe confidenciaste que talvez eu me tivesse precipitado. Ai sim? Em quê?

ELLA

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